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quarta-feira, 2 de maio de 2012

O maldito conto assombrado

_ Summer!_ Gritei para Summer que sumia no meio da floresta. Com minha lanterninha de pilha a segui adentro da escuridão. 
   Ela não era normal. Não mesmo. Nunca foi normal. Sempre a via a noite, nunca a via de dia. 
  A conheci numa noite na floresta, enquanto eu e meu pai acampávamos. Só estava indo ao banheiro_ que na verdade era fazer um buraco na terra úmida_ segurando um rolo de papel higiênico e uma pá. E foi quando eu a vi. Pendurada numa árvore com os olhos brilhando. Azuis cintilantes. Ela aproximou-se de mim e parecia um bicho estranho. Não me assustei. Somente fiquei parado olhando aquela forma humana modificada de cabeça para baixo descer. Ela gostou disso. De eu não assustar-me, não correr que nem um menininho indefeso.
_ Me espera, merda!_ Gritei de raiva. Afinal, era ela que tinha visão no escuro, não eu.
   A vi descendo uma ladeira que realmente não teria coragem de descer. Então permaneci lá em cima e cruzei os braços.
_ Venha!_ Sua voz demoníaca ecoou de lá de baixo da colina até meus ouvidos, fazendo-me tremer.
_ Não desço de jeito algum!
   E quando nem percebo, Summer já subira a colina, pegaste-me no colo e levou-me até lá embaixo.
   Andamos alguns quilômetros até encontrarmos um lago.
   Ainda perguntava-me o por que de estar ali com ela. Desde aquele dia em que nos conhecemos ela vai até minha casa e força-me a vir com ela até a floresta. Como será que essa maldita descobriu minha casa?
   Depois de conhecê-la, minha vida desmoronou. Meus amigos, minha namorada, minhas ficantes, peguetes... Todos, todos sumiram repentinamente. Sem eu nem perceber, pouco a pouco mais eu os perdia. Sem nem perceber mesmo.
_ Onde está?_ Summer perguntava pelo cordão que ela dera a mim no dia em que nos conhecemos.
   Entrego-lhe em suas mãos com unhas sujas e grotescas.
_ Aaaaaaaaaaahhh..._ Ela grunhi de satisfação._ Meu, oh, meu...
_ Nada disso, engraçadinha, você me deu isso de presente, pode ir devolvendo!
   Ela encara-me com ódio. Seus dentes gigantes e horripilantes uivaram. Ela olhou para a lua e depois olhou novamente para mim. Seu belo rosto voltou ao normal.
_ Não, não o colar._ Revida Summer._ Você.
_ Como assim eu?_ Lhe pergunto sem pensar.
_ Você é meu.
   Ela atacou-me pelo pescoço primeiro. Depois desceu e arrancou minhas tripas com a boca. Eu, indefeso, só pude gritar. Mas logo esse foi sucumbido pelo meu sangue.
   Morto. Sozinho. Confiei em uma pessoa de que todos fugiriam ao primeiro encontro. Aquele cordão? Nunca aceite um cordão. Geralmente ele é feito para afastar todas as pessoas mais próximas para elas não sentirem sua falta. Quando meu corpo será encontrado? Eu sou a pessoa que menos saberá. Pois já estarei longe deste mundo quando isso acontecer.