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sábado, 28 de abril de 2012

Uma maldade falsa

   Queria vê-lo uma última vez... Queria senti-lo... Tê-lo ao meu lado só por mais um instante...
   Mas ele pagou. As consequências de ser um delinquente estavam sendo pagas na suspensão.
   Uma semana sem ir a escola por ser pego pichando as paredes e ainda com maconha e bebidas alcoólicas. Seus pais o proibiram de falar comigo.
   Que bom que ele não foi expulso!
   O que seria de mim sem ele? O que seria?
   Suas mãos sempre sujas de tinta preta abaixando minha calça jeans colada... Ui!
   Sentiria falta disso se ele fosse mandado pelos pais para aquela escola interna.
   Suas mordidinhas em minha boca, seu estilo bad boy... Ele era um verdadeiro bad boy! E eu era sua bad girl.
   Somente sua.
   Lembro-me da última vez que ele mostrou-me o caminho para onde comprava drogas.
   Tentei chegar lá, pois a minha vontade dela era muito louca.
   O problema era que tinha medo dos caras do beco do lado.
   Da última vez que passei ali, Peter teve que tirar sua arma do bolso. Eles tinham pego-me pelo pescoço e ameaçado arrancar minha blusa.
   Agora sem Peter, como passaria por ali? Não tem outro caminho.
   Peguei Felipa pelo braço e puxei-a para um canto.
_ Você tem que ir comprar drogas pra mim._ Continuei._ Tá aqui o dinheiro.
_ Não dá pra eu ir hoje, tenho que ir com a Katy tomar conta daquelas crianças irritantes._ Respondeu Felipa.
_ Vai dar de babá com a Katy hoje?_ Enfatizei o hoje.
_ E dai? Não posso ser sua empregada sempre...
   Nervosa, com suor pingando e morrendo para saciar meu vício peguei-a pelo pescoço arrastando-a até a parede e tentando levantá-la.
_ Mas você vai lá pra mim, tá me entendendo ou preciso desenhar?
   Felipa com medo rugiu:
_ Siiiiiiiim. Desenha!
  Abaixei-a e ainda sem soltá-la pergunto:
_ Tá ameaçando!
   Chega Peter e tira-me de cima de Felipa, pois havíamos caído no chão.
_ Para com isso Alisson!_ Diz Peter segurando meus braços e chacoalhando-me ainda virada para Felipa vendo-a reclamar de dores.
_ Peter..._ Grunhi feliz. Ele estava ali, precisava dele.
   Virei para ele e abracei-o. Ele logo afastou-se de mim e segurou em meus braços para não poder aproximar-me.
_ O que houve, Peter?_ Perguntei.
_ To falando pra você parar!
_ Parar com o quê?
   E ficaria sem a resposta pois Peter largou meus braços e foi ajudar Felipa a levantar-se.
   Logo depois indo embora e deixando-me sozinha...
                        CONTINUA

Um dia a noite mais sombria seria a menos assustadora

   Se eu arrepender-me de passar a essa hora da noite no cemitério só pra encontrar-me com ele, por favor_ pelo amor de Deus_ diga que eu não sou bruxa, vampira ou nada do tipo. Eu sou bem normal, ele que é... Diferente, único.
   Aquele garoto de cabelos cor de mel... Olhos verdes... Bochechas rosadas...
   Como eu poderia resistir a isso?
   Aquela cabeleira com cheiro de tutti-fruti... Aqueles olhos fixos nos meus...
   Aquele poder sobrenatural... Aquelas asas... Aquela compaixão pelos outros...
   Sua beleza, seu caráter, tudo conquistou-me, então eu faria de tudo para estar com ele.
   Ao seu lado não existia a palavra perigo, não existia medo, pavor, desespero.
   Então, qual o problema em ir encontrar-me contigo nessa noite de lua cheia?
   Meus sentidos diziam que ele não estaria ali. Mas porque eu estaria pensando assim?
   Queria tanto sentir segurança nele... Mas o problema era que ele sempre pisava fora. Sempre faltava.

   Meia-noite e ele ainda não havia chegado no local marcado.
   Meu nervosismo, meu medo, tudo assustava-me.
   Resolvi correr contra uma sombra que se aproximava. Até essa gritar:
_ Espera, sou eu!
   Era ele. Parei e virei para trás vendo sua sombra tomar cor e transformar-se nele.
   Aproximei-me enquanto ele aproximava-se de mim.
   Sorri e peguei em minha bolsa que estava enrolada em meu pescoço.
_ Está aqui._ Falei.
_ Obrigada._ Agradeceu ele.
   O entreguei sua camiseta que ele havia emprestado-me naquele dia de chuva.
   Simplesmente após pegar sua camiseta ele pegou-me pela cintura, abaixou-me até meu cabelo cair em gravidade.
   Meu coração começou a pular do meu peito.
   Ele aproximou sua boca da minha e como num estalar de dedos já estávamos separados.
   Foi tão rápido que nem deu para sentir verdadeiramente seu poder fluir para dentro de mim.
   Foi tão rápido que nem pareceu um beijo. Um estalo, ou somente um encostar de lábios.
   Na verdade, somente um agradecimento.